'Não se pergunta o que o idoso quer', diz especialista em Direito

  • 14/12/2023
(Foto: Reprodução)
M.T. Connolly afirma que a maioria dos velhos tem apenas duas opções: ficar segregada ou viver no isolamento. “O que estamos fazendo com os idosos? Ou ficam segregados em instituições, ou isolados dentro de casa. Não temos tido sucesso em ajudar as pessoas a navegar no universo do bônus da longevidade: elas ganharam mais anos de vida que estão sendo vividos sem saúde!”. O desabafo é de Marie-Therese Connolly, conhecida como M.T. Connolly e ativa militante da causa sênior nos Estados Unidos. Na sua opinião, assistimos a uma falência das políticas de cuidado: M.T. Connolly: "não se pergunta o que o idoso quer" Divulgação “O que acontece nas instituições de longa permanência é um retrato de como o sistema funciona em relação aos mais velhos. Simplesmente não os atende. É por isso que os idosos têm medo de ir para uma ILPI e ficam em suas casas, que não estão preparadas e não têm condições de abrigá-los com segurança. Na verdade, não há uma visão positiva sobre o envelhecimento; o que existe é uma negação da velhice, das suas limitações e de como há necessidade de adaptações”. Os pais queriam que a filha fosse médica e, antes de decidir, M.T. se tornou voluntária da ala psiquiátrica de um hospital Minnesota, onde a família morava. Apaixonou-se pela experiência, mas não pelo ângulo da medicina: a vontade de aperfeiçoar o sistema que encontrou a levou para o Direito. Foi uma das artífices do Elder Justice Act – o equivale ao nosso Estatuto do Idoso – e, no Departamento de Justiça, criou o Elder Justice Initiative, que resultou em inúmeras ações contra abuso, negligência e fraude que vitimavam os mais velhos. Em seu livro “The measure of our age: navigating care, safety, money and meaning later in life” (em tradução livre, “A medida da nossa idade: navegando pelo cuidado, segurança, dinheiro e significado na velhice”), critica o modo como a justiça opera e propõe novos caminhos: “O sistema depende da justiça para proteger quem é vulnerável, sofre abusos ou negligência, mas não percebemos que a maioria dos problemas está relacionada a questões familiares, e tudo o que as famílias menos desejam é que o Estado intervenha”. Como exemplo, cita um caso bastante comum: o da mãe de um filho dependente de drogas. “A dinâmica familiar de abuso sempre existiu e ela nunca pediu ajuda porque não quer que ele vá para a cadeia. Só que, ao envelhecer, essa mulher está frágil e aquele filho não é um cuidador. E o que o serviço social e a justiça têm para oferecer? Exatamente a intervenção que a mãe sempre tentou evitar”, analisa. Qual seria um caminho alternativo? “Não se pergunta o que o idoso quer. Uma pessoa pode não estar em condições de cuidar do próprio dinheiro sem se prejudicar, mas sabe onde e com quem quer viver. Ou seja, há muitas decisões que ainda lhe caberiam, e deveríamos garantir o suporte para ela continuar a decidir”, diz. Essa é a espinha dorsal do projeto que é sua menina dos olhos: o RISE, adotado no Maine e que vem sendo testado em outros estados e no Canadá. A ideia é dar voz aos idosos que estão enfrentando algum tipo de dificuldade, com o objetivo de chegar à solução mais próxima dos seus desejos. A propósito, para quem quiser saber o significado do acrônimo, aqui vai: R: repair harm – reduzir os danos e trabalhar por transformações. Trata-se da justiça restaurativa, que busca a resolução de conflitos através do diálogo e da negociação, com a participação da vítima e do ofensor. I: inspire change – intervenções motivacionais para que os envolvidos acreditem que mudar é possível. S: support connection – fortalecer de laços, formais e informais. E: empower choice – apoiar as pessoas para que atinjam seus objetivos, mesmo que tenham algum tipo de limitação cognitiva.

FONTE: https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2023/12/14/nao-se-pergunta-o-que-o-idoso-quer-diz-especialista-em-direito.ghtml


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