Momentos de lucidez em estágios avançados de demência mostram potencial cognitivo e emocional
16/04/2024
(Foto: Reprodução) Pesquisa da Clínica Mayo analisa eventos espontâneos de comunicação significativa partindo de alguém que já havia perdido a capacidade de interação. Uma pesquisa recente realizada pela Clínica Mayo investigou a natureza de episódios de lucidez em pessoas que se encontravam em estágios avançados de demência, sendo que 75% desses pacientes tinham Doença de Alzheimer. Os especialistas definem tais situações como eventos inesperados e espontâneos, de comunicação relevante e significativa partindo de alguém que já havia perdido, de forma permanente, a capacidade de interação, tanto verbal quanto de gestos e ações. O estudo foi publicado na revista científica “Alzheimer´s and Dementia”, da Associação de Alzheimer.
Pesquisa da Clínica Mayo analisou episódios de lucidez em pessoas que se encontravam em estágios avançados de demência
Geralt para Pixabay
Depois de entrevistar os cuidadores sobre os momentos de lucidez, os pesquisadores os classificaram, para determinar se havia padrões distintos que poderiam esclarecer quando ou por que ocorrem. “Distinguimos as categorias de episódios com base nas circunstâncias em que haviam ocorrido; na duração e qualidade da comunicação; no nível cognitivo do paciente; e na proximidade da sua morte”, explicou Joan Griffin, doutora em saúde pública e autora principal do estudo.
O trabalho revelou que, entre as pessoas com episódios de lucidez, 61% eram mulheres, sendo que 31% moravam na mesma casa que o cuidador entrevistado. Não foi estabelecida qualquer relação entre as ocorrências e a iminência da morte do paciente. Para a pesquisadora, é importante entender a natureza dos eventos, porque eles revelam o potencial cognitivo e emocional de indivíduos vivendo com demência, podendo inclusive fortalecer os laços entre os envolvidos:
“Os cuidadores têm que lidar com uma longa lista de desafios, que podem se tornar opressivos. Entender o que está acontecendo diminui a carga emocional de quem cuida. Descobrimos que esse tipo de episódio também muda a forma de interação com a pessoa com demência, normalmente para melhor”.
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